Enquanto isso, presos no Complexo de Gericinó transformam roupas piratas em doações para famílias atingidas pelas chuvas
G.P. seca o suor da testa e dá uma parada para respirar. Enquanto ajuda a remover o mar de lama e entulhos que tomou conta da Rua Teresa, uma das mais famosas e movimentadas de Petrópolis, ele resume o sentimento de quem está ajudando, da maneira que pode, as vítimas das chuvas na cidade da Região Serrana.
- A gente vê as pessoas aqui mentalmente abaladas. Precisamos fortalecer cada uma delas - diz G.P., um dos 85 apenados do Replantando Vida, da Cedae, que atuam na limpeza da via e na distribuição de cestas básicas no município. Fazem parte do programa de ressocialização pessoas que se encontram nos regimes semiaberto e aberto e em liberdade condicional.
A Cedae participa da força-tarefa montada pelo Governo do Estado para minimizar os impactos das chuvas em Petrópolis. A companhia criou um esquema especial para prestar apoio à cidade. As atividades começaram na quarta-feira, dia 16, com 40 apenados. No dia seguinte, outros 45 chegaram para reforçar o mutirão.
– Eles trabalham com uma entrega fantástica. São dedicados e assíduos. A participação da mão de obra do Replantando Vida nas atividades em Petrópolis é mais um exemplo da importância desse trabalho para a sociedade - destaca Leonardo Soares, diretor-presidente da Cedae.
fonte: secom
Coordenador do Replantando Vida, Alcione Duarte acompanha de perto a atuação em Petrópolis e se emociona ao ver toda a dedicação dos apenados na ajuda às vítimas das chuvas.
- Esse trabalho é muito bom na ressocialização. O sentimento de fraternidade faz com que eles reflitam sobre a vida e a importância do respeito ao semelhante. É um aprendizado muito importante para cada um que está aqui contribuindo e tentando minimizar a dor de muitos – avalia Alcione.
Doação de roupas apreendidas
Outra contribuição de apenados é a descaracterização de roupas piratas - apreendidas pela Operação Foco, da Secretaria de Estado de Governo, e estocadas na Cidade da Polícia Civil - para serem doadas a vítimas do temporal. São mais de 90 toneladas de calças, camisas e calçados que terão as etiquetas arrancadas e as marcas extraídas por presas do Complexo de Gericinó, na Zona Oeste da capital, garantindo a destinação do material para desabrigados.
A catalogação do material e o carregamento das peças em caminhão estão sendo feitos por uma equipe de 10 detentos, no galpão da Delegacia de Crimes contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM), na Cidade da Polícia. Todo o material será levado para as penitenciárias Talavera Bruce e Esmeraldino Bandeira.
- Essa ação integrada entre as secretarias de Administração Penitenciária, Polícia Civil, Governo e Desenvolvimento Social, além do RioSolidario e da Vara de Execuções Penais, vence importante batalha na guerra contra o ócio dentro das cadeias. Ela demonstra que é possível empregar a mão de obra de presos em ações que beneficiam a sociedade, em especial, nesse momento de tanta dor - avaliou o secretário de Administração Penitenciária, Fernando Veloso.
Fotos - Crédito: Francisco Junior / Ascom Seap