Nos próximos 20 anos, os Estados Unidos vão testemunhar o maior movimento de transferência patrimonial já registrado na história moderna.
Mas, ao contrário da narrativa otimista — “millennials vão herdar trilhões”, “uma nova geração milionária está surgindo” — o fenômeno é mais concentrado, desigual e cheio de condicionantes.
Para a maior parte das famílias, a herança será modesta, tardia ou simplesmente irrelevante.
Ainda assim, o número impressiona: segundo a Cerulli Associates, US$ 124 trilhões devem mudar de mãos até 2048. É o estoque acumulado por Baby Boomers e pela Silent Generation, gerações que atravessaram o pós-guerra e depois surfaram décadas de forte crescimento econômico e valorização de ativos.
É um fenômeno essencialmente:
Demográfico: Boomers estão envelhecendo, se aposentando e entrando em fase de sucessão em massa.
Financeiro: Essa geração acumulou mais riqueza do que qualquer outra na história moderna. Nos EUA, boomers controlam cerca de 50% de toda a riqueza do país.
Estrutural: São décadas de ativos acumulados sendo finalmente transmitidos ou vendidos.
Como isso ocorreu?
Essas gerações passadas foram beneficiados por uma combinação única de fatores históricos:
Crescimento econômico robusto do pós-guerra: empregos estáveis, renda crescente e mobilidade social.
Acesso a imóveis com múltiplos de renda muito menores do que os atuais: compra acessível + forte valorização ao longo de décadas.
O maior ciclo de valorização financeira da história moderna: o mercado acionário disparou desde os anos 80, criando riqueza acumulada e previdência fortalecida.
Sistemas previdenciários mais generosos e benefícios trabalhistas mais robustos do que os de hoje.
Esse conjunto criou a geração mais patrimonializada da história americana, e explica por que o volume agora sendo transmitido é tão extraordinário.